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Papo Preto #33: A criminalização do movimento funk

Neste episódio de Papo Preto, Yago Rodrigues entrevista Bruno Ramos, produtor cultural e articulador nacional do Movimento Funk, sobre o papel do funk hoje para periferias e favelas. Ramos há dez anos estuda o movimento e a sua estigmatização pela sociedade para orientar os artistas do meio e dar respostas às indagações do movimento.

Ele conta que o movimento que nasceu inicialmente para dar suporte à população periférica e organizar a produção dos artistas para que tirassem do funk o seu sustento, ganhou novas dimensões em 2013 depois do assassinato de MC Daleste, alvejado por um tiro durante um show. A partir desse acontecimento começamos a receber um público diferente, da classe média, jornalistas, estudantes, querendo entender o que estava acontecendo, conta ele a partir de 7:59 do arquivo acima.

Como nem eles entendiam o motivo da violência, o movimento passou a promover reuniões e conversas para tentar entender por que mesmo depois de 30 anos de existência o funk ainda era tão criminalizado, perseguido e estigmatizado.

O produtor fala do incômodo que sente por ter tido acesso à universidade e ao conhecimento que distribui hoje. Eu tive vantagem social. Privilégios nós, pretos periféricos, nunca teremos, mas alguns de nós conseguem vantagens sociais e eu fico incomodado com isso porque sei que não sou regra, fui uma exceção, por isso cabe a mim repassar o conhecimento que tive para dar continuidade à nossa luta, precisamos formar lideranças (a partir de 16:40 do arquivo acima).

O processo de criminalização do funk, segundo Bruno Ramos, tem início na década de 1990. Não é um problema que começa com o funk e nem vai acabar com ele. O que o movimento sofre é o mesmo que sofreu o samba, depois o hip hop, estamos sofrendo 100 anos de criminalização da música negra no Brasil (a partir de 23:52 do arquivo acima).

Ele admite ainda que existem problemas e arestas a serem aparadas sempre, que as criticadas letras machistas são um problema até mesmo para o movimento funk. Mas cabe a nós corrigirmos isso, discutir isso na perspectiva do movimento funk para a gente ampliar o conhecimento, para esses artistas terem maturidade para saberem que aquilo é um problema estrutural (a partir de 45:00 do arquivo acima).

Papo Preto é um podcast produzido pelo Alma Preta, uma agência de jornalismo com temáticas sociais, em parceria com o UOL Plural, um projeto colaborativo entre o UOL, coletivos e veículos independentes. Novos episódios vão ao ar todas as quartas-feiras.

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