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CAOScast: 70% da geração Z quer carro na garagem e casa própria

Os millennials cresceram com o sonho de dar significado ao dia a dia. Viam a profissão como algo cheio de propósitos e, na vida adulta, o trabalho seria confundido com lazer. A geração Z, por outro lado, chega aos 20 e poucos com uma postura mais pragmática.

Nesta semana, a turma do CAOScast debate o fim do propósito. Afinal, o sonho acabou? Ou será que não é mesmo melhor separar direitinho o tempo do trabalho e o tempo da diversão?

Em pleno 2021, a gente falando de propósito quando a gente só quer sobreviver? A coisa mudou. Eu sou a típica millennial 'trabalhe com o que você gosta e o tal propósito -- e sinta que não trabalha um dia na sua vida'. Caí nessa cilada aí, comenta Marina Roale, líder de pesquisa da Consumoteca (ouça a partir de 1:30).

No cenário contemporâneo, quem embarcou nessa ideia está se dando conta de que não é nada fácil chegar ao tal propósito. E isso abre a janela da problematização. Na vida adulta, a gente entende que não dá para viver só de propósito. E a gente começa a sentir na pele que toda essa idealização de vida gera muitas consequências negativas, completa Marina (a partir de 6:45).

Para Nataly Simon, da Clima Perestroika, o ônus desse percurso está na saúde mental. Eu praticamente não conheço ninguém que ou não esteja tomando alguma medicação para ansiedade ou que não tenha tido já burnout, pânico, depressão? As estatísticas estão aí, diz ela (a partir de 7:00).

Tudo porque, em algum momento, o ideal era juntar identidade com o trabalho. A gente achou legal juntar as duas coisas, trabalhar até pifar e achar que nosso valor é o trabalho, completa Nataly. Isso ainda super-acompanhado desse discurso neoliberal de que você é responsável pelo seu fracasso ou pelo seu sucesso.

Quando todo aquele cenário econômico promissor do começo do milênio acabou e, ao mesmo tempo, veio uma pandemia para coroar negativamente esse processo, a geração Z dá a real: trabalho é só trabalho.

Levantamento realizado pela Consumoteca mostra esse perfil. Dentre os Zs entrevistados, 59% entendem que trabalho serve para manter a estabilidade financeira. Para eles, isso significa contratos com contrapartida clara e incentivos financeiros.

Ao contrário dos millennials, os jovens de hoje não querem encontrar tanta simbologia na relação com o trabalho, ao que parece. Para eles, emprego é uma coisa, diversão é outra -- e essas duas coisas não acontecem mais simultaneamente. Outra coisa que chama a atenção da pesquisa é que o principal sonho profissional dessa geração não é uma profissão específica, mas uma condição de trabalho: querem emprego em uma boa empresa.

O sonho é a própria empregabilidade, a partir do lugar de um profissionalismo salubre. É relativamente pouco, mas que parece muito nesse momento, comenta o pesquisador Tiago Faria (a partir de 20:20).

É inevitável não compará-los com a geração X, a anterior aos millennials -- preocupam-se mais com um salário e uma estabilidade do que com uma profissão com a qual se sinta