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Tempo de colher e plantar

Nesta passagem de ano, milhões de brasileiros, como se agricultores fossem, desejaram a amigos, conhecidos e familiares votos de feliz colheita. Sim, Feliz Ano significa em latim: Feliz Colheita. A primeira divisão de qualquer calendário é a dos anos. Um ano equivale a um ciclo completo da Terra em torno do Sol. Ano (annus) significa colheita, a produção de grãos do ano.
A virada do ano marca no Brasil o tempo da colheita e do plantio da segunda safra. A agricultura segue ciclos cósmicos e deles tira proveito. É tempo de abundância. A Companhia Nacional de Abastecimento prevê em 2022 uma safra recorde de grãos: 290 milhões de toneladas, 15% superior à anterior. O total da área cultivada cresceu cerca de 3 milhões de hectares. A da soja ultrapassou 40 milhões de hectares. No milho, a expectativa é de um crescimento de mais de 30%, se São Pedro colaborar com a segunda safra.
O agronegócio brasileiro negocia com 190 países e, em 2021, diversificou os produtos exportados. Houve a abertura de mercado para 69 produtos em 30 países diferentes: maçãs para Colômbia, Honduras e Nicarágua; gergelim para o México; gengibre e sementes para o Egito; bovinos para o Vietnã; carne e material genético bovino para o Iêmen e um incremento nas vendas ao Chile. Recorde de exportações no acumulado de janeiro a novembro de 2021: US$ 111 bilhões, acima do recorde anterior de US$ 101 bilhões em todo 2018. Já em relação a 2020, houve um crescimento de 18,4%.
Em 2022, o Valor Bruto da Produção (VBP) da agropecuária brasileira, da porteira para dentro, deverá totalizar R$ 1,16 trilhão. Um crescimento de 4,5% em relação a 2021, cuja expansão já fora de 10% sobre 2020. Nas 21 lavouras consideradas no cálculo do VBP, sem contar a produção animal, o Ministério da Agricultura prevê um valor total de R$ 811 bilhões, ou 7,30% a mais em relação a 2021 (R$ 756 bilhões, 12,3% acima de 2020).
Ao longo de 2021, no agronegócio brasileiro cresceram as agroindústrias de alimentos, vestuário, calçados, biocombustíveis, máquinas e equipamentos; as unidades frigoríficas, de processamento e fornecimento de proteína animal; as empresas de transporte, armazenagem e os complexos aeroportuários voltados à exportação. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, o PIB do agronegócio, em 2021, alcançará 30% do PIB do Brasil. Em 2010, era de 21%.
Esse crescimento tem um grande efeito multiplicador nas economias regionais e propicia o surgimento de shopping centers, hospitais, universidades, startups, consultorias, transportadoras, revendas de veículos, agroindústrias e todos estabelecimentos e serviços ligados à dinâmica do campo.
Na economia clássica quanto mais desenvolvido um país, menor seria a relevância de sua agricultura. No Brasil recente, isso não se aplica. O agronegócio foge das teorias do passado e projeta novos tempos para o país.