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Sexoterapia #43: "Minha filha de 14 anos diz que é pansexual e tem questões

Minha filha diz que todas as amigas dela já beijaram meninas e meninos e se dizem lésbicas ou bissexuais. Ela mesma ainda não beijou ninguém, isso é o que ela fala e também o que eu percebo pelos papos que ouço dela com as amigas. Por isso mesmo, eu acho muito estranho o fato de ela se definir como pansexual e dizer que tem questões de gênero. Quando pergunto para ela o que seriam essas questões, ela me diz que não gosta de ter seios grandes, que não sabe se aceita o próprio corpo, que quer vestir roupas masculinas e cortar o cabelo mais curto. E eu fico pensando: ela é a típica adolescente com suas inúmeras insatisfações ou de fato há alguma questão de gênero ou sexualidade por trás?

Essa é a pergunta de um milhão, responde Ana Canosa, sexóloga e apresentadora do podcast Sexoterapia. Segundo ela, a adolescência é uma fase de experimentações e, hoje, a maioria dos adolescentes está mais antenada nessas discussões, nas possibilidades da diversidade. Podemos pensar que essa menina ainda está muito no campo das ideias. diz. Veja e ouça o programa completo no arquivo acima.

Nesse contexto, a pansexualidade, que é se sentir atraído por pessoas, independentemente do gênero ou orientação sexual, é uma caixinha boa para quem quer ter o direito de não se definir no começo da vida sexual. Essa mãe precisa ter paciência para não querer definir aquilo que nem a filha ainda tem condições de definir e ajudá-la a se construir, diz Ana.

A caminho é acompanhar a filha, ouvi-la e permitir que ela faça suas reflexões. Ela quer cortar o cabelo? Ajude-a a fazer e deixe-a perceber como ela se sente. Ela quer usar roupas mais largas? Favoreça essa experiência. A menina precisa perceber como ela se sente nessas suas manifestações físicas e identitárias, diz. Conviver com a dúvida é muito angustiante, mas é preciso ter calma: essa é uma fase complexa e de muitas descobertas e ela precisa de tempo, diz Ana


Modinha x definição

Os adultos também precisam a ajudar os adolescentes a refletir sobre o que, de fato, faz parte do seu desejo e o que parte da pressão de grupo. Os pais devem explicar que as pessoas podem ter outras expressões de gênero, mas que isso não obriga ninguém a ser assim para ser inclusa, ser moderna, diz.

Ana explica que não é possível cravar uma idade exata para essa definição sobre a orientação sexual, mas se espera que ela ocorra até o final da adolescência, por volta dos 18 anos. E é importante a família entender e acolher esse período de experimentações e indefinições, caso contrário, o adolescente pode incorporar a ideia de estar errado. E se ele tiver uma identidade não binaria, poderá retardar o processo de descoberta, tentando se enquadrar por medo de não se amado. Isso certamente vai gerar uma série de implicações emocionais no futuro.

Para saber mais

Filmes: Me chame pelo seu nome (Netflix); Hoje eu quero voltar sozinho (Netflix); As melhores cois