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Sexoterapia #28: "Meu filho de 12 anos é uma criança trans"

Aos 10 anos, o filho da artista plástica Rafa Mon, 41, contou para ela que gostava de meninos, de se vestir com roupas femininas, de usar maquiagem, e que se identificava como uma pessoa sem gênero. A reação dela foi acolher o filho e se esforçar para compreender melhor esse universo das crianças LGBT, até então desconhecido para ela. Aquilo tudo era novidade para mim, eu não fazia distinção entre gênero e sexualidade, por exemplo. Comecei a estudar muito e a entender todas as diferenças por causa do David, afirma.

A artista plástica conta que, ao contrário dela, David já tinha bastante intimidade com o tema, sobre o qual vinha pesquisando na internet. Quando ele me disse que gostava de meninos, eu perguntei se ele era gay. Ele respondeu que não era gay porque ele não tinha gênero definido, lembra. A maneira natural e despreocupada com a qual o filho lidou com a descoberta sobre sua sexualidade e sua identidade de gênero a surpreendeu, mas não o fato de ele não seguir os padrões que a sociedade espera de um menino.

Segundo Rafa, David já dava sinais desde muito pequeno sobre sua predileção pelo universo dito feminino: sempre gostou de brinquedos atribuídos a meninas, odiava as aulas de jiu-jitsu, ficou supermagoado ao ganhar um skate de presente de natal (que ela teve que trocar no dia seguinte por patins). Quando ele tinha uns cinco anos, eu passei a máquina no cabelo dele, porque estava muito calor. Ele ficou quase um mês sem falar comigo, porque estava deixando crescer. Me arrependi muito disso depois., conta.

A revelação

Um dia, Davi me pediu para eu o levar ao shopping, porque ele não gostava mais de nenhuma das suas roupas. Eu não entendi nada. Ele nunca foi uma criança ligada a compras, a shopping, conta Rafa. Fui com ele a uma loja e ele seguiu direto até as araras femininas e foi pegando saias e blusas de lantejoulas, sem o menor pudor. Eu me senti emocionada e aliviada por tudo aquilo ser tão natural para ele, relembra.

Apesar da dificuldade natural em entender o universo do filho, Rafa não teve problema nenhum em aceitá-lo. Quando ele me contou, foi até um alívio. No fundo, eu sempre soube. E ninguém merece ficar dentro do armário, diz. dia,

Rafa sabe que essa naturalidade tem relação com o fato de David ter crescido em um ambiente aberto ao diálogo e à diversidade, tanto em casa como na escola, e, por esse motivo, ter experimentado raríssimos episódios de preconceito. Mas ela deixa claro para o filho, hoje com 12 anos, que fora do que ela chama de bolha em que vivem, nem sempre as coisas vão ser tão fáceis.

Ela conta que entre suas maiores preocupações está a questão de qual banheiro o filho irá usar fora de casa e da escola (onde tem um banheiro sem gênero). Como ele se veste com roupas do universo feminino, eu sempre o oriento ao ir ao banheiro feminino. Como ele aind