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Sexoterapia #17: "Estou apaixonado, mas estamos impedidos de nos ver"

Daniel John* está namorando à distância desde janeiro. Os encontros presenciais, que aconteciam de 15 em 15 dias, foram atrapalhados pela pandemia do novo coronavírus. Vivo com meus pais em Portugal, e como não sou assumido para eles, não foi possível me juntar ao meu namorado na quarentena. Neste momento, a nossa convivência física está como a dos restaurantes: suspensa por prazo indeterminado e sem direito a entrega, contou ao podcast Sexoterapia. Daniel diz que, apesar do afastamento e das incertezas provocadas por ele, o companheirismo do casal se acentuou nesse período. É uma oportunidade de conhecer melhor quem a gente ama, afirma.

Segundo a sexóloga Ana Canosa, essa distância imposta, de fato, pode ter o lado positivo de nos ajudar a fazer um investimento emocional maior. A gente, como sociedade, não está mais acostumado a investir nossa curiosidade sobre o outro por muito tempo Criamos expectativa por um período curto, para que, se houver, a frustração já venha logo, afirma. Além disso, segundo a especialista, situações estressoras, como a de isolamento social, nos deixa muito vulneráveis, e isso tende a aproximar as pessoas, ainda que estejam distantes fisicamente. Dividir esses momentos difíceis faz com que a intimidade aumente, explica.

Nunca te vi, sempre te amei

Mas o fato é que a facilidade de conhecer muita gente em pouco tempo pela internet fez as pessoas esquecerem como é demorar meses para encontrar um crush. A maquiadora e influenciadora digital Fabi Gomes está passando por isso. Ela conheceu um cara por meio de um aplicativo durante a quarentena, engataram um romance online, mas não fazem ideia de quando irão se ver ao vivo.

A falta de contato físico, e o excesso de contato pela tela são bem desafiadores. Isso acaba dando espaço para muitas coisas virem à tona, como sofrimento, dor, e angústia, diz a maquiadora. Sem contar a insegurança sobre a química sexual. A gente fala muito sobre sexo, é quase um exercício literário, mais do que visual. Essa coisa de descrever cenários e situações é muito erótica e pode ser bem excitante, afirma.

Ana reforça que a insinuação por meio de palavras pode ser até mais excitante do que trocar fotos e vídeos para alguns casais, mas diz que essas ferramentas também ajudam a enfrentar a falta de contato físico, assim como acessar vídeos eróticos e fantasias juntos. Lembrando que é preciso tomar alguns cuidados para não ter a intimidade exposta na internet, principalmente quando se tratam de pessoas que não se conhecem bem, aconselha.

* O nome é fictício, trocado para preservar a identidade do personagem.

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