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Um grupo feminino de maracatu teve instrumentos apreendidos pela Polícia Militar (PM) enquanto ensaiava na Praia Brava, em Matinhos, litoral do Paraná. Três integrantes também foram conduzidas à Delegacia de Polícia Civil da cidade ao serem denunciadas por perturbação da ordem e de sossego, além de desacato. O caso ocorreu na tarde de ontem.

A abordagem aconteceu depois que um morador de um dos prédios em frente à praia acionou as viaturas por conta do barulho gerado pelo ensaio.

Segundo o grupo, a PM abordou as mulheres e pediu dois instrumentos. A confusão iniciou quando os policiais teriam solicitado um terceiro instrumento. As mulheres negaram, resistiram em entregá-lo e disseram que só o levariam para a delegacia na presença de um advogado.

Neste momento, um dos policiais falou Então vocês vão agora. Não vão? e pegou o instrumento que estava no chão. Duas mulheres tentaram tomar o objeto de volta, e o oficial puxou com violência.

É possível ouvir vozes gritando, entre outras palavras e expressões, babacão, abuso de autoridade e abuso de poder. Os policiais também foram chamados de fascistas.

O policial mudou de ideia e queria um terceiro instrumento. O grupo vive à base do voluntariado, e com muita dificuldade conseguimos esses instrumentos, então demos os dois mais baratos, mas ele quis o terceiro. Iríamos ter muita dificuldade para conseguir novamente e realmente resistimos em entregar, porque todas as solicitações nós já havíamos concedido, disse uma integrante do grupo. Ela preferiu não se identificar por medo de perseguição na cidade litorânea de 29 mil habitantes.

Três integrantes foram levadas à delegacia, mas depois liberadas com os instrumentos. As queixas por perturbação à ordem e de sossego não geraram registros, mas o trio responderá a investigação por desacato. Segundo o grupo, os xingamentos aos policiais partiram de pessoas que estavam acompanhando o ensaio e não das mulheres que se apresentavam.

Temos o direito enquanto manifestação cultural e religiosa de tocar em espaço público. As pessoas que xingaram aos policiais eram as que estavam assistindo ao ensaio, disse a integrante ao UOL.

PM nega parcialidade e discriminação

Em nota, a PM do Paraná confirmou ter sido acionada por perturbação e afirmou que conduziu três mulheres à delegacia. A instituição negou qualquer tipo de parcialidade ou discriminação na abordagem.

A equipe policial adotou os procedimentos necessários e adequados aplicados em qualquer outra situação de perturbação de sossego. A atuação da Polícia Militar, em qualquer situação, é imparcial e segue diretrizes de direitos humanos, completou a corporação, em nota.