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Por que estão morrendo tantos policiais no Rio?

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) conversou com a TV UOL sobre o caos na segurança pública em que o Rio está mergulhado. Não apenas pela grave crise econômica, mas também, segundo ele, pelo colapso de instituições e como consequências de políticas que beneficiam os cidadãos e cria uma legião de matáveis e de sobrantes - sejam eles moradores de áreas pobres, bandidos ou policiais. Policiais honestos, aliás, são vítimas dessa situação, em detrimento aos que não seguem as regras e os que criam milícias. Neste ano, até este momento, foram 102 assassinados. Ao mesmo tempo, segue o genocídio de jovens negros e pobres nas periferias.

Sobre a morte de policiais, ele afirmou: A tendência é piorar porque você não tem governo no Rio de Janeiro. O Pezão é um ex-governador em exercício. O 13o salário do ano passado não foi pago, são meses de salários atrasados, é um drama social profundo no Rio. Não lembro de nada parecido. A gestão do PMDB foi absolutamente criminosa. E quando o tecido social rasga no Rio, ele rasga na segurança pública. Há 23 anos que morrem mais de 100 policiais por ano. Até que ponto nós não naturalizamos esse processo? Será que o problema está só neste ano?

Os números altos dos homicídios não são em locais como Leblon, Ipanema, Gávea e Jardim Botânico, mas na Zona Norte e na Baixada Fluminense. A maioria das mortes não são de policiais no serviço. Ele morre porque é policial, mas tudo começa quando ele é assaltado, como tantos outros naquelas regiões estão sendo assaltados. Há um problema da segurança pública que você não resolve com a lógica da guerra. Há os lugares dos matáveis. Que é onde a polícia mata e morre.

Do que as pessoas estão morrendo no Rio de Janeiro? De overdose ou de tiro? É de tiro. As pessoas estão morrendo pela lógica da guerra às drogas, onde há os territórios do tráfico, os matáveis, os sobrantes. A PM é uma sobrante dessa sociedade. É descartável tanto quanto o jovem negro. Essa guerra é insana. Um fardado mata dez esfarrapados, um esfarrapado mata um soldado. Quem é o vencedor dessa guerra? Não tem. Temos que chamar a polícia para o diálogo para que ela entenda que sua vida está em jogo no debate sobre a legalização das drogas.

Você tem uma construção lamentável de que a garantia dos direitos humanos ameaçaria a polícia e a segurança pública. Pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, que presido, estamos fazendo um atendimento às famílias dos policiais mortos, criando um protocolo de atendimento junto com o comando da PM.

Assista também à íntegra da entrevista no link: http://mais.uol.com.br/view/16313695