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'Por que congelei minha mãe morta aos 83 anos'

Kim Jung-kil (nome fictício) pagou para congelarem o corpo de sua mãe, que morreu de câncer aos 83 anos em 2020.

Ele não está sozinho. Há cerca de 600 corpos humanos criogenicamente congelados ao redor do mundo. A mãe de Jung-kil está numa unidade de criopreservação em Moscou, por exemplo. Nos Estados Unidos, esse processo pode custar o equivalente a R$ 160 mil.

Criopreservação é um processo de congelamento do corpo a temperaturas baixíssimas, na esperança de que a ciência no futuro seja capaz de trazer essas pessoas de volta à vida.

O sangue da pessoa morta é drenado e substituído por conservantes e anticongelantes de uso médico, que evitam que cristais de gelo se formem no corpo e danifiquem as células e os tecidos.

Se isso for feito imediatamente depois que o coração parar de bater e enquanto os tecidos ainda estiverem intactos, em tese médicos e cientistas do futuro terão maiores chances de sucesso.

Atualmente, não estou certo de que o descongelamento seja teoricamente possível, mas ele pode vir a ser, afirma Kim C-Yoon, da Universidade Konkuk, na Coreia do Sul. Segundo o pesquisador, se houvesse investimento em estudos aprofundados, essa pergunta poderia ser respondida em até dez anos.

Alguns especialistas que acreditam na viabilidade dessa técnica afirmam que a nanotecnologia (com robôs minúsculos) pode, por exemplo, tratar as células afetadas ao longo do tempo.

Hoje não há técnicas viáveis para descongelar as partes interna e externa do corpo com a mesma temperatura.

Atualmente, a criopreservação é utilizada em hospitais para conservar partes do corpo humano, como esperma, óvulos, células sanguíneas e embriões. Mas ainda há uma alta taxa de fracasso nesse processo, e no caso de um corpo humano inteiro (altamente complexo), o risco de isso não funcionar é muito maior.

Para Clive Coen, professor de neurociência do King's College London, a criopreservação de corpos humanos inteiros é mais baseada no pensamento mágico do que em evidências científicas.

Apesar de diversas declarações das empresas de criogênese, elas falharam em demonstrar que essa extraordinária massa de tecidos que constituem o corpo humano pode ser protegida pelo líquido anticongelamento que eles injetam no corpo após a morte, disse à BBC.

John Armitage, professor e diretor de banco de tecidos da Universidade de Bristol, acredita que nunca se pode dizer 'nunca' em ciência, mas há pouca chance de a criopreservação se mostrar viável tendo em vista o que se sabe hoje.

Segundo ele, retirar tecidos de pessoas saudáveis para serem armazenados para uso futuro é uma coisa, mas pegar um corpo doente, congelá-lo com segurança (incluindo a estrutura complexa do cérebro) e reativá-lo é uma tarefa muito, muito mais difícil.

Quais são as chances de não haver algum dano? Ainda não estamos no estágio de criopreservação de órgãos, então fazer isso com o corpo inteiro seria um grande desafio, disse Armitage à BBC.

Barry Fuller, professor de ciência cirúrgica e medicina de