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O menino que salvou a irmã de franco-atirador na guerra do Iêmen

Alerta: este vídeo contém imagens chocantes.

Organizações de direitos humanos que atuam na cidade de Taiz, no sudoeste do Iêmen, afirmam que mais de 450 crianças foram mortas ou feridas por franco-atiradores houthi nos últimos seis anos, em meio à guerra civil que devasta o país.

Ruweida Saleh, de oito anos, é uma dessas crianças. O irmão dela, Amri, de dez anos, a puxou para um lugar seguro depois que ela foi baleada na cabeça, mesmo correndo o risco de também ser atingido pelo atirador.

Eu estava levando a lata d'água, depois brinquei no caminho de casa. O atirador atirou na cabeça dela. Temi por minha irmã, então a puxei. Ele ficou atirando em mim, diz Amri.

Ruweida se recuperou milagrosamente, mas não totalmente: além do medo constante de ser atingida novamente, não consegue dormir e sofre de muitas dores na cabeça, conta o pai das crianças, Saleh Bin Saleh.

Neste vídeo, a correspondente Orla Guerin, da BBC, visita crianças e famílias destruídas pelo conflito, além de mostrar como é sua rotina sob a mira de balas.

Famílias como a de Abdo Qaid Ahmed e a mulher, Fatyiah, que perderam o filho Saber, de dez anos, alvejado ao subir em uma árvore para colher frutas. O irmão mais novo, Mohamed, de sete anos, foi atingido no estômago e correu para casa, onde se escondeu embaixo de um cobertor.

Quando cheguei e tirei o cobertor dele, vi que estava sangrando. Eu gritei e gritei e gritei. Então meus vizinhos vieram e o tiraram de mim. Eu gritei: 'Tragam Saber para mim, 'tragam Saber para mim', conta Fatyiah. Eu disse: 'Saber está com medo de que eu vá puni-lo porque ele levou o irmão'. Então me disseram que ele estava no necrotério. Eu não sabia.

A guerra civil do Iêmen começou em 2014, quando os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, expulsaram o governo internacionalmente reconhecido da capital do país, Sanaa.

Uma coalizão liderada pelos sauditas, e apoiada por países como o Reino Unido, vem tentando restaurar o poder do governo. E ela também é acusada de muitas mortes de civis, provocadas pelos bombardeios no país.

A diferença, dizem as organizações de direitos humanos, é que os atiradores houthis estariam deliberadamente mirando crianças. Autoridades do grupo negam as acusações - afirmam que essas são acusações completamente falsas de seus oponentes.