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O gigante do açúcar é um anão no mel

•O Brasil é um gigante mundial na produção de açúcar e um anão na produção e exportação de mel. Do jeito que a coisa vai, já falta e ainda pode faltar mais do precioso produto das abelhas no mercado interno. Na verdade, falta mel porque falta produção. E falta produção porque falta adotar tecnologias modernas e promover o manejo profissional das colmeias.

•A produção nacional de mel é da ordem de 46.000 ton/ano, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Cerca de 30.000 toneladas são exportadas – sobretudo para os Estados Unidos (75%) e para a Alemanha (10%) – e rendem mais de 500 milhões de reais por ano. O mel exportado é como uma commodity e seu preço acompanha o mercado mundial.

•Cada brasileiro consome em média 60 gramas de mel por ano contra 240 g dos argentinos e mais de um quilo de mel nos EUA e em diversos países da Ásia, chegando a 1,2 kg/pessoa em alguns países da Europa. Apenas 53% do mel é consumido in natura na mesa dos brasileiros. Cerca de 35% é destinado à indústria de alimentos e cerca de 12% é utilizado pela indústria de cosméticos, tabaco e ração animal.

•Segundo o último Censo Agropecuário do IBGE (2017) havia no Brasil 101.727 apicultores, explorando um total de quase 2,2 milhões de caixas de abelhas. Ou seja, uma média de 21 caixas ou colmeias por apicultor. Apesar da existência de grandes apicultores, profissionalizados e tecnificados, a grande maioria são pequenos produtores, com poucas caixas e baixa produtividade.

•O reflexo do baixo investimento na gestão dos apiários está na produtividade. A produção média anual por colmeia no Brasil é da ordem de 20 kg, próxima da média europeia (21 kg/colmeia/ano). Na Argentina e no Canadá, ela é de 35 kg e esse número cresce em diversos países chegando a mais de 100 kg/ano de mel por colmeia na China e Austrália. As condições tropicais e a biodiversidade da flora e da vegetação brasileira podem garantir uma produção de pelo menos 35 a 40 kg/ano.

Veja um panorama da apicultura europeia no link (em francês) https://www.cari.be/medias/abcie_articles/172_economie.pdf

•Estimular o consumo de mel na merenda escolar e na cesta básica, mesmo com apenas 4 gramas de mel por dia, geraria uma demanda adicional de 10.000 toneladas. Exigências normativas para melhorar a qualidade e a informação sobre produtos com mel e seus ingredientes (iogurtes, granolas, biscoitos e xaropes) trariam uma demanda adicional de 20.000 toneladas de mel. O Brasil não possui volume de produção de mel para atender a tais demandas.

•A agropecuária brasileira precisa de mais e melhores apicultores. O extrativismo em colmeias não tem sustentabilidade. A solução para melhorar a qualidade dos produtos com mel em seus ingredientes e aumentar o consumo do mel in natura no Brasil dependem do aumento da produção. E este depende dos ganhos em produtividade através de inovações tecnológicas e manejo profissionalizado.