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Marcelo Freixo fala sobre a interdição federal no Rio de Janeiro

O Rio trocou a democracia pela sensação de segurança. Logo após falar sobre a intervenção federal na segurança pública do Estado, no estúdio da TV UOL, nesta sexta (2), o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ) resumiu dessa forma sua preocupação com as consequências para a democracia da ação que colocou as Forças Armadas para combater a violência.

Segundo ele, o Exército está sendo usado pelo governo Michel Temer e o Rio vive uma intervenção política, inventada a partir de uma lógica política, que pouco se preocupa com resultados positivos para a segurança e a dignidade da população, mas mira a eleição e a manutenção do poder do MDB sobre o Estado e o país. Com mandato voltado aos direitos humanos e à questão da segurança pública, Freixo presidiu tanto as CPIs das armas e a das milícias.

Essa intervenção vai ser por dez meses porque seria muito patético se o presidente Temer ou o seu marqueteiro anunciar que a intervenção iria até 7 outubro, que é o dia da eleição. Daí, ele jogou até 31 dezembro para fingir que não é eleitoral, afirma o deputado. A intervenção poderia ser sobre o governo. Retira-se o governador, o governo federal assume tudo. Mas só na área de segurança é porque eles querem criar uma pauta positiva para um governo que é um desastre em termos de popularidade. O governo Temer é uma margem de erro.

Freixo, que concorreu à Prefeitura do Rio no ano passado, perdendo o segundo turno para Marcelo Crivella, aponta a questão das milícias formadas por policiais corruptos como um dos problemas que não serão resolvidos pela intervenção federal. O Exército vai ocupar uma área de milícia no Rio de Janeiro? Não vai ter um miliciano para enfrentar o Exército. Porque boa parte das milícias estão dentro das forças policiais. Você só enfrenta a milícia se tirar o poder econômico deles, se tiver o serviço de inteligência que possa identificar quem das forças de segurança estão dentro dessas organizações criminosas.

Criticando duramente o governo Michel Temer e a Luiz Fernando Pezão, a quem chama de ex-governador em exercício, o deputado estadual defendeu a contribuição das Forças Armadas e da Polícia Federal na segurança pública do Rio, mas em um processo de integração ao invés da intervenção. Por exemplo, usando os serviços de inteligência para combater o comércio ilegal de armas que chegam ao Estado.

E reclama que a medida passou por cima na relação entre os poderes. Sou deputado estadual, uma das minhas funções é a de fiscalizar o [Poder] Executivo. Se eu quiser convocar o interventor para esclarecer determinada medida, eu não posso, afirma. Porque, pelo decreto, ele só deve satisfações ao Presidente da República. Entre as medidas que já demandariam um pedido de explicação estaria a ação de fotografar os moradores ao sairem das comunidades. Organização de direitos humanos e juristas apontaram que isso fere os direitos da população.