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CAOScast: Quem lê tanta notificação? Excesso de informação também intoxica

Enquanto você lê este texto, quantas outras abas estão abertas no seu computador, celular ou tablet? A Consumoteca fez essa mesma pergunta em uma pesquisa sobre uso de internet e descobriu que 45% dos participantes tinham três ou mais abas abertas enquanto respondiam ao questionário.

Essa divisão constante da nossa atenção na internet é tema do episódio de CAOScast veiculado em TAB esta semana. Com certeza você já se viu em uma situação bem parecida com a que a pesquisadora Rebeca de Moraes compartilhou no começo do episódio: Um dia desses em que eu saí do trabalho, mas o trabalho não saiu de mim, como sempre, e eu estava com o celular na mão e ia andar muito até o metrô -- um percurso de meia hora caminhando (...). Quando eu cheguei no metrô, que era muito longe, eu pensei: eu não olhei para a cidade. O caminho passou, e eu não vi porque eu fiquei no celular, conta (ouça a partir de 4:52).

É trabalho, diversão, informação, tudo no mesmo lugar. Estamos infotoxicados, definem os caóticos, para nomear essa sensação de que chegamos a um limite e já não temos mais capacidade de assimilar conteúdos novos. Sem refletir sobre o que de fato queremos consumir, recebemos informação a todo instante, e cada notificação se impõe como a verdade mais importante do momento.

A gente se sente devendo o tempo inteiro. Por mais que você leia, você pensa: não sei todos os aspectos. Você não sabe que opinião você tem, porque as coisas mudam tão rapidamente que não dá tempo de você se atualizar, diz a jornalista Daniela Arrais, convidada do episódio e sócia da Contente, plataforma que propõe um uso mais consciente do digital (ouça a partir de 7:33).

Ao mesmo tempo em que dá vontade de jogar o celular pela janela e fazer um retiro detox -- que pode sim funcionar, garante Arrais -- já temos consciência de que a internet facilita muito a nossa vida. A chave seria, então, encontrar esse equilíbrio entre o que queremos (e precisamos) consumir, versus o que chega até nós com o verniz de obrigação. Tem que conhecer todos os memes, tem que ter assistido à série do momento, tem que saber a fundo o último cancelamento do BBB e também os detalhes sobre o julgamento da parcialidade do ex-juiz Sergio Moro no STF. Não saber opinar sobre o assunto do qual está todo mundo falando acaba colocando ainda mais pressão sobre as notificações incessantes.

Acho que é fazer escolhas e bancar. Isso que a Dani falou é muito interessante, como a infotoxicação vira um valor. Esse valor de 'quem você é na mesa do bar?'; 'sei de tudo, manda aí um meme que eu sei, bato no peito, sei de todos'. Isso vira um valor. Se você não sabe, quem é você? Como assim você não sabe? Então acho que [o importante] é fazer suas escolhas e bancar. E lembrar: espera aí, o que me interessa?, indica Moraes (a partir de 40:03).

Para Andrea Jotta, professora e pesquisadora do Núcleo de Pesquisas da Psicologia em Informática da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica de São Paulo), a chave está em respeitar