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CAOScast: Pandemia e dinâmica digital fizeram a gente se apegar a poucos am

Sem o happy hour para interagir com os colegas de trabalho, sem aquela cervejinha na sexta-feira para trocar uma ideia de maneira mais descontraída, sem a balada do fim de semana com as companhias mais animadas: é, manter contato durante a pandemia tem dado trabalho.

A convivência com os próximos pode até ter aumentado -- família, cônjuges, um ou outro amigo para quem se abriu exceção na quarentena --, mas muitos dos laços menos fortes estão se desatando. É sobre isso o novo episódio de CAOScast que você escuta a partir de hoje aqui em TAB.

Se você percebeu que seu círculo de amizades encolheu durante a pandemia, este episódio é para você. Aumenta o volume, ignora os amigos no WhatsApp e vem com a gente, convida o antropólogo e colunista de TAB Michel Alcoforado (ouça a partir de 2:50). Alcoforado conversa, como de costume, com os habitués Marina Roale, head de pesquisa da Consumoteca, e os pesquisadores Rebeca de Moraes e Tiago Faria.

Acho que muitos encontros se davam por contexto, o que saiu do radar. Fazer aquele happy hour estendido com o pessoal do trabalho, juntar a galera da escola para fazer um churrasco, encontrar a galera do trabalho anterior. Nada disso mais cabe, se tornou muito mais arriscado. Então você só vai fazer isso com quem já tem um capital afetivo mais consolidado, se não você não vai se expor, avalia Faria (a partir de 5:25).

Qualquer relacionamento, em qualquer contexto, exige manutenção, resume Moraes. Mas isso parece ficar mais desafiador durante a pandemia, quando a espontaneidade perde espaço e o planejamento toma conta do contato virtual. E aí só fica quem realmente 'vale' o esforço. O que a gente vê, fazendo pesquisa e conversando com as pessoas sobre esse momento, é que a gente precisou repensar um pouco as amizades porque se deu conta de que amigo dá trabalho. (...) E na pandemia começou a dar trabalho de um jeito muito específico. Se você queria ver um amigo, tinha que fazer call. Para fazer call, tinha que marcar hora, estar com a cara boa, se vai ter drink você tem que estar com drink, e tem que desenrolar um papo numa circunstância em que não tem o contexto. Você não está no bar, não tem mais gente, não está num show (a partir de 7:49).

Roale compara essa peneira de amizades com a função amigos próximos do Instagram. O close friends é aquele grupo seleto onde você dá a real da sua vida (...) São pessoas que, num momento de perrengue, de pandemia, quando você não sabe se vai continuar vivo, é com elas que você vai mantendo contato. (...) Esse ano foi um grande divisor de águas, diz a pesquisadora (a partir de 14:40).

O mundo como conhecíamos -- cheinho de oportunidades para novos encontros e manutenção de relacionamentos mais superficiais, ainda que importantes -- não parece se vislumbrar num horizonte próximo. E aí, será que essas relações desfeitas têm alguma chance de recuperação? Sozinho ou acompanhado dos mais próximos (sem aglomeração, né?) ouça o episódio desta semana do CAOScast para f