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CAOScast: De selfies a compras na saída, vale (quase) tudo para dessacraliz

Você lembra da primeira vez que foi a um museu? Provavelmente a experiência foi com a escola, e depois da visita a turma toda precisou fazer um trabalho ou uma prova sobre o que viu. Não é de surpreender, portanto, que o brasileiro pense no passeio como uma tarefa escolar.

O antropólogo Michel Alcoforado, por exemplo, nem lembra dessa primeira visita. O que realmente o marcou foi uma experiência posterior. Eu lembro a primeira vez em que eu fui a um museu e saí completamente transtornado, que foi em Nova York, a primeira vez ao MoMA. E lá tinha uma exposição temporária do Francis Alÿs, que é um artista maravilhoso belga, que mora na Cidade do México (...). Eu saí daquilo ali meio perturbado. Falei 'caramba, não tô enxergando mais o mundo do mesmo jeito' (ouça a partir de 8:32). Desde então, a visita ao MoMA virou obrigatória em cada passagem de Alcoforado por Nova York, mesmo quando a escala é de apenas algumas horas.

Mas a experiência do antropólogo não coincide com a da maioria dos brasileiros. No episódio de CAOScast distribuído esta semana aqui em TAB, a trupe caótica revela que menos da metade (47%) dos entrevistados pela Consumoteca em uma pesquisa sobre o tema disse que o principal conteúdo dos museus é arte. História (83%) e memória (51%) foram as palavras mais usadas para descrever o que encontramos nessas instituições. 52% dos entrevistados acham o museu um lugar monótono.

Fica sempre essa marca na experiência como adulto, diz Vanessa Alvim, pedagoga e doutora pelo Programa de Educação e Saúde da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), sobre a visita escolar. A gente perde então essa noção de que visitar o museu é uma experiência. Se a gente vai sempre achando que é para um saber específico, para um conhecimento específico, para uma finalidade que a gente diz 'escolarizada', ou é o lugar que a gente vai quando viaja e 'tem que ir' porque sabe que vai ver tal obra ali, a gente perde um pouco a coisa de que a visita ao museu é experiência. O que eu sinto quando eu entro lá? O que mais eu vi nesse museu? Por que eu vou nesse museu? O que eu estou buscando? (a partir de 15:46).

Os caóticos falam, então, no conceito de museu vivo para atrair a população aos espaços culturais de forma mais cotidiana. A ideia é que o museu seja um lugar de troca constante, com atividades para a comunidade, integração mais ativa com os bairros onde estão inseridos e portas abertas sem muita pompa e liturgia. Ao que indica a pesquisa, ainda estamos longe disso: apenas 9% dos entrevistados pela Consumoteca veem esses espaços como lugares de diálogo. O primeiro passo, portanto, é derrubar o muro metafórico que separa os museus das ruas.

Para a pesquisadora Rebeca de Moraes, a palavra-chave é compartilhamento. Agora que a gente está vivendo esse momento em que a gente quer experiências que sejam coletivas e compartilháveis, o mais legal é quando a gente tem aquela experiência que não sabe descrever. Sabe, quando você fala: 'putz, tem que ir para