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CAOScast: 100 anos pós-Semana de 22, quem tem vergonha de ser brasileiro?

Há exatos 100 anos, um grupo de artistas, escritores e agitadores culturais protagonizou a Semana de Arte Moderna, um evento no Teatro Municipal de São Paulo que marcou o Brasil de forma inescapável. Até hoje, tem sido debatido.

Na edição desta semana, o CAOScast entra nessa discussão. Se os modernistas de um século atrás traziam a ideia da antropofagia, a proposta que eles colocam agora para a compreensão da nossa própria brasilidade é a de autofagia.

Isso porque a própria noção do que é ser brasileiro e do que é o Brasil está em transformação. O que implica, então, em novos métodos para analisar o fenômeno.

Marina Roale, líder de pesquisa da Consumoteca, explica que o autofagismo permite que o brasileiro digira e ressignifique alguns símbolos, já que existem muitas referências e contradições que merecem ser revistas para ajudar a encontrar o Brasil de verdade. A autofagia é uma referência aos conceitos que foram debatidos na Semana de 22. Remete à ideia da digestão, do filtro. É a autodigestão que o brasileiro precisa fazer cotidianamente para entender o país, comenta ela (ouça a partir de 8:25).

Para o pesquisador Michel Alcoforado, é esse filtro que ajudará a resolver o grande dilema de 2022. Depois dos últimos anos de intensa polarização, seria a hora de juntarmos os cacos das relações humanas no país.

É preciso olhar para dentro e ver como a gente vai conseguir conversar com gente que, depois da era do confronto, a gente se deu conta de que não valia muito a pena conversar. Esse papel de reconstrução de pontes vai ser um dos grandes dilemas deste ano, que promete ser intenso, como a Semana de 22 foi no século passado, diz ele (a partir de 33:00).

Alcoforado contextualiza: a era do confronto surgiu justamente quando a visão do que era o Brasil deu espaço para o questionamento dos símbolos e das narrativas.

A ideia harmoniosa do Brasil foi se desmoronando, muito por conta da importância dos movimentos sociais que começaram a entrar com gana nesse embate, para tentar pôr na mesa questões mais pautadas pelo discurso da desigualdade, da violência e do preconceito, explica ele (a partir de 17:40).

Se por um lado isso escancarou conflitos, por outro, o pesquisador defende, foi importante no desenvolvimento da brasilidade, porque possibilitou que a gente tivesse tirado de debaixo do tapete um bocado de sujeira que 500 anos de história estavam se esforçando para que esquecêssemos (ouça em 19:00).

A gente ficou muito tempo dando murro em ponta de faca e isso cansa, faz a gente ter até um pouco de preguiça do debate, da discussão. Mas com o novo olhar que propõe o estabelecimento de um filtro, a gente sai da era do confronto e entra na era da negociação, acrescenta a pesquisadora Carmela Moraes (a partir de 21:00).

Ouça o episódio completo de CAOScast no player acima e mergulhe de uma maneira muito mais atual e diferente na importância da Semana de Arte Moderna e seus desdobramentos.

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