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As chuvas e o sol da primavera

A passagem do inverno para a primavera é sempre turbulenta em clima tropical. As chuvas de primavera ao chegarem rompem semanas e até meses de tempo seco. Muitas vezes elas chegam acompanhadas por fortes ventos e granizo, provocando quedas de árvores e até danos em algumas estruturas urbanas. Neste outubro, início de primavera, tempestades de granizo e vendavais atingiram várias cidades no Sudeste. Essas precipitações de pedras de gelo de vários tamanhos e intensidade destroem instalações, provocam inundações e danificam a vegetação nativa e cultivada.
O termo granizo, chegou ao português pelo espanhol granizo e tem origem no latim granum, nuvens de forte extensão vertical, quando fortes correntes ascendentes levam o ar úmido a grandes altitudes. O ano passado, na Grande Belo Horizonte, as chuvas de granizo chegaram a acumular mais de 1,5 m de gelo nas ruas. E isso exigiu dezenas de caminhões da Prefeitura para remoção do gelo.
As tempestades de granizo são particularmente prejudiciais às culturas perenes como a videira, a macieira, a goiabeira e outras fruteiras. E também pode vitimar duramente a horticultura. Cai a produtividade, a produção e a qualidade dos produtos. Eles escasseiam e localmente os preços aumentam.
É cada vez mais comum nas regiões produtoras de maçã em Santa Catarina, o uso de telas e telados para proteger os cultivos dos impactos do granizo. O mesmo ocorre na região do Circuito das Frutas em S. Paulo (Valinhos, Campinas, Atibaia, Louveira...). No Sudeste, o seguro rural contra granizo é essencial na fruticultura.
As chuvas primaveris transformaram rapidamente as paisagens. O verde retomou seu lugar e o pó cedeu espaço para a terra molhada e o ar limpo. As floradas do café começaram em Minas Gerais e S. Paulo. É tempo do plantio da safra de verão e grande parte das áreas de soja e milho já foram semeadas.
As notícias da mídia evocam chuvas de 20 milímetros, de 30 milímetros etc. O que isso significa? Por que milímetros? Trata-se de uma medida vetorial. Um milímetro de chuva equivale a um litro de água por metro quadrado. Uma chuva de 15 milímetros significa: caíram 15 litros de água em cada metro quadrado daquela região. Uma chuva de 10 mm sobre um telhado de apenas 100 metros quadrados (10m x 10m) já acumula um metro cúbico de água ou uma tonelada de água. Os números se agigantam na escala de bairros, de bacias hidrográficas e regiões.
O peso da água é enorme. Chuvas torrenciais tem grande potencial erosivo, em particular nesta época do ano quando a vegetação ainda não se desenvolveu. As gotas de chuva impactam diretamente o solo nu, não protegido por vegetação ou palhada. Na agricultura moderna é fundamental utilizar tecnologias para proteção da terra e dos cultivos, para conservação dos solos e da própria água. Os produtores aprendem com os eventos climáticos e adotam medidas de adaptação. Mas, como se diz no campo: em matéria de chuva é sempre melhor sobrar do que faltar.