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Sobrevivente de incêndio em circo no Rio relembra tragédia

O espetáculo ainda não tinha terminado quando a menina Márcia Martins, então com oito anos, deu a mão ao avô para deixar o circo. A mania do homem - de sair mais cedo de lugares com grande aglomeração de pessoas - salvou a menina do maior incêndio da história do Brasil. Passados 52 anos da tragédia no Gran Circus Norte Americano, em Niterói, Rio de Janeiro, Márcia faz um alerta emocionado: não são apenas os feridos que precisam de cuidados, mas todos os que se sentiram afetados pelo horror da tragédia.

Qualquer um que não morreu naquele lugar, que sobreviveu a uma tragédia, vai ter uma marca, que não é aparente, mas que precisa ser tratada também, sublinha a professora niteroiense.

Na tragédia em 1961, Márcia perdeu o avô e o pai - este, pela mesma razão que motivou muitas mortes Santa Maria, a intoxicação por fumaça. O incêndio no Gran Circus deixou um saldo de 503 pessoas mortas, 70% das quais crianças. O irmão de Márcia, porém, sobreviveu. A professora diz que por muito anos ela e o irmão tiveram que conviver com o nó na cabeça provocado pelo incêndio. Ela buscou ajuda de psicólogos.

Ela diz que a tragédia no Rio Grande do Sul a fez sentir novamente as dores da perda vivida há mais de cinco décadas. Nunca chorei tanto em minha vida como naquele domingo (27 de janeiro de 2013). Porque quando a tragédia do circo ocorreu, eu não chorei tanto assim, conta ela. Falar à BBC sobre seu caso e sobre as emoções que o incêndio na boate Kiss trouxeram provocou alívio, diz.

Eu precisava falar sobre isso com a cabeça que tenho hoje, disse, sem esconder a emoção.

As imagens usadas no vídeo associado a esta matéria são do arquivo pessoal de Márcia Martins e do Jornal do Brasil. Leia a cobertura sobre a tragédia em Santa Maria