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Com bolsa para estudar, trans relatam inclusão após prostituição e abandono

O ano de 2015 foi um divisor de águas para a recepcionista Amanda Marfree, 30. Ela conseguiu deixar a prostituição e entrar no mercado de trabalho formal, situação com a qual sonhava havia alguns anos.

A reviravolta aconteceu porque Amanda voltou a estudar e completou o Ensino Médio. Ela é uma das beneficiárias do Transcidadania, programa social da Prefeitura de São Paulo que completa um ano e cujo foco é permitir que travestis, transexuais e homens trans retomem sua formação escolar.

Lançado dia 29 de janeiro de 2015, dia Nacional da Visibilidade Trans, o programa abre mais cem vagas agora, para início das aulas em salas do EJA (Educação de Jovens e Adultos) em fevereiro.

“Eu parei de estudar porque sofria bullyng. Preferi desistir do que sofrer uma agressão. E quando comecei a me transformar, tudo muda. A sociedade te fecha as portas. A realidade foi enfrentar a madrugada”, diz ela.

Ao dedicar-se aos estudos, Amanda recebeu bolsa de R$ 827,40, fornecida pelo programa. O valor, neste ano reajustado para R$910, é uma das razões da baixa taxa de evasão. Apenas dez participantes deixaram o Transcidadania em 2015, número inferior à média de evasão dos alunos do EJA como um todo, que é de 36%, segundo o IBGE.

A contrapartida é o cumprimento de 30 horas de formação semanal, que além das demandas escolares inclui capacitação profissional e cursos de direitos humanos e cidadania.

Os beneficiários (apenas 4 são homens trans) também têm acesso a apoio psicológico, acompanhamento médico para tratamentos de hormonoterapia e auxílio jurídico para a mudança do nome social.

Com a conclusão do Ensino Médio, Amanda vislumbra entrar na faculdade de assistência social. Sua nota no Enem 2015 foi suficiente para que ela pleiteasse uma vaga pelo Sisu (Sistema de Seleção Unificado) ou ProUni (Programa Universidade para Todos).